"NAS TRILHAS DA CARIDADE".

                                                 
                                                   "NAS TRILHAS DA CARIDADE"      (N.C. 28/03/80)


A caridade mais pura
É a que manda esquecer
O que a mão direita dá
E a esquerda não vê.

Se todos nós somos réus
Diante da Lei Divina
É a caridade de Deus
Que nos defende e ilumina.

Nas trilhas da Caridade
Misturam-se cristãos e ateus
Sob o pálio da Bondade
Todos seguem para Deus.

Se tuas mãos generosas
Retiram espinhos doridos
Deus faz que nasçam rosas
Em teus caminhos sofridos.

Sob a luz da Caridade
Encontram-se, por fim, um dia
Os que antes se odiavam
Para cantar de Alegria.



                                                                  "OS MENDIGOS"                    (Natal de 1996)



Ele bateu à tua porta
De mansinho...
Era apenas um menino
A te pedir um pão,
E por que não,
Um pouco de carinho
Num aperto de mão?
Foste tocada pelo seu olhar
E, acolhendo-o em teu seio
Permitiste-lhe olvidar
Todo receio
Que lhe torturava o coração.

Horas mais tarde,
Bateram novamente
À tua porta.
Agora, era uma irmã,
Infeliz e doente,
Que te rogava
Um pouco de atenção.
Era uma alma ferida
Pelos espinhos da desilusão.

Acolheste-a comovida
Dizendo-lhe palavras boas
Que soaram aos seus ouvidos
Como terna canção,
Dando-lhe alento para prosseguir
Nos caminhos da vida.

Mal havias consolado a irmã,
Eis que te buscou
Trêmula anciã.
Os cabelos em franco desalinho,
Os olhos baços,
Revelando os extremos cansaços
De sua alma a sofrer.

Agasalhaste os seus membros frios,
Deste-lhe o caldo reconfortador,
Ouviste, atenta,
A sua queixa triste
E lhe disseste baixinho: "Deus existe,
E há de sustentar-te em Seu Amor!"

Já era noite, quando alguém
Veio outra vez,
À tua porta bater.
Correste a atender.
Ao abri-la, no entanto,
Entre a surpresa e o espanto,
Viste, apenas, uma Estrela de Luz
Que adentrou teu lar
E te envolveu em ondas de emoção.

"Eu sou Jesus!"
E a voz que da Estrela partia,
Era como um sussurro
Repleto de harmonias,
Despertando em tua alma
Secretas alegrias.

E prosseguiu a voz enternecida:
"Alma querida,
Em vão bati em tantas portas
Mendigando,
Em formas diferentes...
Na feição de um menino...
De uma mulher sofrida...
De uma pobre anciã...
E ao receber-me, todos me diziam:
- Hoje, não!
Amanhã... amanhã...

Mas em teu lar encontrei
Um teto amigo
Que se transformou
Em doce abrigo
Para acolher-me, enfim!
Por isso, hoje e para sempre
Ficarei contigo!
Alma irmã... Vem a mim!..."